Escrito por: Jeziel Vinícius
quarta-feira, 10 de junho de 2020
EGÍTO ANTIGO (PARTE 1)
A expressão ta hieroglyphica tem origem grega, significando “as letras sagradas
esculpidas”, de onde vêm “hieroglífica” e “hieróglifos” . Para os egípcios, a escrita era uma
invenção de Toth, deus da sabedoria, que decidiu ensiná-la aos homens contrariando uma
ordem do deus Ra. O nome dado por eles à sua escrita era medju netjer, ou literalmente,
palavras dos deuses. O desenvolvimento da escrita egípcia pode ser separado em cinco
estágios, de acordo com a análise de documentos datados, produzidos ao longo dos 3.000
anos da História dessa sociedade . O primeiro estágio, chamado de Egípcio Antigo,
corresponde à forma escrita desde o seu surgimento, no final do IV milênio a.C., na fase
anterior à unificação, até a VI dinastia. Os textos desta época aparecem na forma de
legendas, escritas sobre artefatos variados. Documentos com textos mais longos surgiram
na V Dinastia, destacando-se nessa fase os Textos das Pirâmides. O próximo estágio, o
Médio Egípcio (c. 2140 - 1360 a.C.), corresponde à forma escrita utilizada do Primeiro
Período Intermediário até meados da XVIII Dinastia. Esta fase também é conhecida como
“Egípcio Clássico”, e foi empregada até o final da história egípcia na antiguidade. Os
documentos produzidos em Médio Egípcio são variados, incluindo os de natureza religiosa,
legal e textos literários. Por ter sido a forma mais utilizada para a escrita, e cuja gramática
é mais bem conhecida, normalmente é o primeiro estágio estudado em cursos de escrita
egípcia antiga no Brasil. Os últimos três estágios são: o Egípcio Tardio (de meados do
século XIV até 700 a.C.), que era a forma escrita utilizada desde o Reino Novo – a partir do
reinado do faraó Akhenaton até o Terceiro Período Intermediário; o Demótico (c. 700 a.C.
– 300 d.C.), que era a “língua popular”, empregada em textos relacionados ao cotidiano,
bem como comerciais e jurídicos; e o Copta (do século III d.C. em diante), último estágio
da língua, cuja estrutura vocálica é conhecida, sendo ainda utilizada na igreja Copta .Com
o advento do cristianismo, no século IV d.C., o sistema egípcio de escrita, considerado
pagão, caiu em completo desuso. O último texto hieroglífico escrito na Antiguidade foi
gravado num dos templos da ilha de Philae, em 394 d.C. A língua e a escrita cópticas,
porém, foram preservadas, pois eram utilizadas pelos descendentes cristãos dos antigos
egípcios, na liturgia. Isso tornou possível que o padre Athanasius Kircher identificasse a
língua e a escrita cópticas como remanescentes das antigas grafias e falares egípcios. Ele
publicou, no ano de 1643, um dicionário e uma gramática do copta, que foram úteis,
posteriormente, para a decifração dos hieróglifos. Mas foi a expedição de Napoleão ao
Egito, em 1799, que fez a mais importante descoberta para a decifração desses símbolos: a
“Pedra de Roseta”. A “pedra”, na realidade uma estela comemorativa, contém um texto
cujo conteúdo é um decreto dos sacerdotes de Mênfis em honra ao faraó Ptolomeu V
Epifânio, gravado em três formas de escrita: Hieroglífica, Demótica e Grega. A importância
deste documento está na possibilidade de que a escrita grega poderia ser comparada com a
egípcia, fato que impulsionou a pesquisa de inúmeros estudiosos europeus da época.
Quem completou o processo de decifração, no entanto, foi o francês Jean-François
Champollion, que anunciou a sua descoberta em 29 de setembro de 1822. Em 1824
Champollion publicou uma obra (Précis du système hiéroglyphique), onde o sistema da
língua foi exposto . A descoberta de Champollion possibilitou a criação de uma nova
ciência: a Egiptologia. Depois dele, muitos outros filólogos e egiptólogos debruçaram-se
sobre as inscrições egípcias, e assim foi possível escrever a história dessa sociedade a
partir de fontes produzidas por ela mesma. O fascínio pela língua egípcia continuou, e
atualmente existem várias obras que discorrem sobre esse tema. Entre elas, algumas de
cunho didático, e que são utilizadas por professores de ensino médio e fundamental, nas
aulas de história. Assim, ao verificar que vários livros paradidáticos relacionados ao antigo
Egito mostram capítulos ou partes dedicadas a explicações sobre os hieróglifos, criou-se
um projeto de investigação que teve como objetivo principal o reconhecimento e a
avaliação de como as informações relacionadas à escrita egípcia antiga são transmitidas
aos estudantes de ensino médio e fundamental. A Estrutura da Escrita Egípcia Antiga, foi
necessário um conhecimento prévio da estrutura da escrita egípcia antiga.A escrita egípcia
é formada por um grande número de sinais, que no estágio conhecido como Médio Egípcio
inclui aproximadamente 700 hieróglifos (. Esses podem ser classificados a partir de quatro
tipos de sinais (pictográficos, ideográficos, fonéticos e determinativos), cada um com um
valor gramatical diferente . Os sinais pictográficos foram os primeiros utilizados pelos
egípcios. São signos objeto, que representam uma ideia, um objeto ou um ser. Por exemplo,
o desenho de um braço significa literalmente braço da planta baixa de uma casa significa
casa. Já os sinais ideográficos, diferentemente dos pictográficos, não tratam do próprio
objeto, mas da ideia representada por eles. Assim, a imagem de um homem com a mão na
boca representa várias ações, tais como comer, falar e sede. Essa divisão, no entanto, é
apresentada apenas por alguns autores, como a egiptóloga francesa Bernadete Menu.
Outros não fazem distinção entre pictogramas e ideogramas, como é o caso da egiptóloga
escandinava Gertie Englund.
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